
Diploma de Jornalismo em questão
Professores discutiram a desregulamentação da profissão de Jornalista sob várias abordagens
Por Murillo Buaretto
Alunos e professores do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Goiás (UFG) se reuniram na manhã de hoje, 19, no auditório da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia (Facomb) para participar de uma discussão sobre a desregulamentação da profissão de Jornalismo. O debate “Jornalistas debatem Jornalismo: a formação universitária e a regulamentação da profissão” foi mediado pela professora Ana Carolina Pessoa Rocha Temer.
Participaram da mesa os professores Edson Spenthof e Nilton José e Flora Ribeiro. O debate foi aberto pela coordenadora do curso na Facomb, Angelita Pereira e pelo diretor da faculdade, Magno Medeiros. De acordo com os professores, este é o primeiro encontro de uma série de outros que a coordenação do curso de Jornalismo fará ao longo do semestre para discutir as perspectivas da profissão, após a decisão do Supremo Tribunal Federal, que pôs fim à exigência da formação superior em Jornalismo para o exercício profissional. Segundo Angelita, os debates têm um caráter de esclarecimento.
A discussão teve início com o professor e representante do Fórum de Professores de Jornalismo, Edson Spenthof. Ele iniciou sua exposição citando grupos que, historicamente, se mostraram contrários à formação superior como requisito para a atuação como jornalista, tais como algumas empresas e intelectuais. O professor lembrou ainda as fases da imprensa para explicar que o Jornalismo exercido hoje em dia não tem caráter opinativo e, sim, informativo. Segundo ele, diferentemente do que foi dito pelos ministros do STF sobre a profissão, a exigência do diploma do jornalismo não fere a liberdade de expressão. “O Jornalismo foi julgado por algo que não é”, afirmou.
A abordagem de Flora Ribeiro foi diferente. Ela ressaltou que, antes de qualquer outro tipo de preocupação, os acadêmicos em Jornalismo devem praticar uma autocrítica constante. Segundo ela, os estudantes devem refletir se, enquanto profissionais da Comunicação, fornecerão ao seu público uma informação de qualidade, condizente com o que a sociedade quer e precisa. “É preciso fazer a diferença, olhar para dentro”. A professora Ana Carolina também ressaltou a importância que deve ser dada à prática do “bom jornalismo”.
Em sua exposição, o professor Nilton José afirmou que a notícia não deve ser tratada como mera mercadoria, como mera transcrição do que é falado. Ele alertou para a necessidade de uma formação superior mais qualificada e compromissada com a formação em si, e não apenas com o diploma.
Ao fim das exposições, alguns estudantes levantaram questões que foram analisadas pelos professores. De acordo com a estudante do 4º período de Jornalismo, Katherine Alexandria, esta iniciativa da faculdade é muito válida. “Nós, estudantes, ficamos perdidos recebendo as informações apenas dos jornais. Por isso é importante ter este respaldo da academia. Muitas dúvidas e angústias que tínhamos desaparecem”, avaliou a universitária.
Fonte: UFG