
Exposição de Dayane Fonte abre espaço de exposições da Facomb
Dayane Fonte, do curso de Publicidade e Propaganda, apresenta o trabalho fotográfico “Isto foi. Não é mais. Isto foi encenado”. Obra inaugura novo espaço de exposições.
A exposição individual da estudante Dayane Fonte “Isto foi. Não é mais. Isto foi encenada – A fotografia entre Documento e Arte Contemporânea: novos usos e funções para retratos de família” abre o novo espaço de exposições da Faculdade de Comunicação e Biblioteconomia da UFG, localizado no pavimento térreo (sala 45). Orientado pela professora Ana Rita Vidica, do curso de Comunicação Social – habilitação em Publicidade e Propaganda, o trabalho pode ser visto até o dia 5 de março.
Confira, a seguir, o texto de apresentação da exposição, elaborado por Dayane Fonte.
Isto foi. Não é mais. Isto foi encenado: aventura surpreendente de (re)visitação ao álbum de família. Aventura conduzida pelo olhar porque a fotografia me fascina, ela me domina com o olhar. Com o olhar do fotógrafo, com o olhar do fotografado e com o olhar do espectador.
Foi por querer uma “história dos olhares” que acabei chegando até aqui, mas “olhar é sempre virtualmente louco: é ao mesmo tempo efeito de loucura e efeito de verdade” e eu não poderia contar toda essa história, por isso resolvi retratar transformando meu próprio álbum em obra para exposição.
Retratar, nessa obra, é olhar e ver. Sentir e pensar. É lembrar e transformar. Retratar é fazer, é suportar e olhar. Olhar sempre! Porque assim como você – meu convidado para essa exposição, querido visitante –, também sou espectadora do meu álbum de família. E é com o meu olhar que construo e abro um mundo fotográfico para que você o olhe e, quem sabe até, também construa e abra portas, janelas ou álbuns de novos mundos. Por isso, essa obra começa – e não termina – e continua com olhar.
Olhar me permitiu ver, sentir e pensar que um retrato de família é sempre uma história encenada. Estivemos lá, diante da objetiva, existimos de fato naquele tempo e lugar. Mas, isso foi, não é mais. Já não somos mais os mesmos. Ainda que possamos repetir a mesma pose, que é sempre a ordem fundadora de todo retrato, o tempo passou e o “tempo que passa transforma”.
Por isso, para saber o que foi e não é mais, eu preciso recorrer à minha memória para lembrar, mas não consigo lembrar tudo sozinha. Além da imagem, eu preciso de lembranças de outros, lembranças que foram incorporadas às minhas ao longo do tempo. E tantas lembranças individuais e coletivas me permitiram transformar a imagem e abrir caminho para a criação de algo novo a partir do que já existiu: fazer, fotografar, criar um mundo fotográfico, uma obra.
E para fazer também quis contar com a colaboração de outros – outros fotógrafos – para que eu fosse fotografada e pudesse suportar e encenar conscientemente. Afinal, tudo sempre foi encenado! E se foi, e existiu de fato, e se é verdade ou loucura, quem faz pode responder. Eu poderia responder. Mas, você não precisa da minha resposta. Quem olha também pode responder. Resposta diferente da de quem faz. Porque “a estética da recepção não é a da criação”, não precisa ser a mesma!
A criação me leva a suportar a condição de fotografada – a personagem real dos retratos, aquela que imita a si mesma – e me prepara para suportar variadas respostas, e opiniões, dos mais diferentes olhares espectadores. Os olhares que tanto me fascinam, que me dominam, que dominam toda obra.
Porque são esses olhares que podem abrir caminho para visão, sentimentos, pensamentos, lembranças e transformações para que façam o que quiserem da minha foto, mas também suportem sua interpretação: porque a fotografia pode dizer mais de quem olha do que de quem é fotografado.
Por isso vou retratar o que foi, não é mais, e que foi encenado: os retratos da minha família. E você, prezado espectador, é convidado a retratar também e, quem sabe, podemos encontrar juntos novos usos e funções para os retratos de família. Porque a fotografia está ali: entre documento e arte contemporânea. Pronta para ser olhada, vista, sentida, pensada, lembrada, transformada, feita, suportada, olhada, ... reposicionada segundo o seu olhar.
Foi por visar o universo da fotografia que acabei sendo trazida para os meus retratos. Afinal, “nós atingimos a nós mesmos ao visar ao alvo, ao mundo exterior”. Por isso abri o meu próprio álbum de família, e porque “o álbum fala de nossas origens, mas também do que queremos fazer de nossa vida no futuro”. O meu álbum fala. Transformá-lo em obra fala ainda mais!
Do que fala o seu álbum? Onde ele está? Já pensou em (re)visitá-lo e retratar depois? Garanto que seria uma aventura surpreendente!
Source: Facomb/UFG