Salve uma nascente: CPT realiza campanha para recuperar solos e rios do Cerrado

O Cerrado é a mais importante área de recarga hídrica do Brasil, sendo responsável por abrigar oito das doze nascentes das bacias hidrográficas do país. Entretanto, a cada ano, dez pequenos rios morrem, sendo que um dos principais motivos é o planejamento político brasileiro que considera o Cerrado apenas como região de expansão agrícola e de monocultivos da agricultura industrial. Com o intuito de recuperar o solo e as nascentes degradados desse bioma, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) desenvolveu a campanha Salve uma Nascente.

A Articulação da Comissão Pastoral da Terra no Cerrado é formada por regionais dos estados Maranhão, Tocantins, Piauí, Bahia, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia. Ela é responsável por lançar essa ação de recuperação de nascentes com o objetivo de evidenciar a importância da conservação e recuperação de nascentes e rios, assim como das experiências comunitárias de recuperação da vegetação natural e solo de áreas degradadas do Cerrado.

Saiba de onde vem a água que alimenta as nascentes. (Foto: site CPT Nacional)

De forma simplificada, uma nascente é um afloramento do lençol freático, que dá origem a um acúmulo de água. São conhecidas, também, como minas d’água, sendo que podem dar origem a pequenos riachos e rios, ou seja, tornam-se uma fonte de onde a água jorra do solo. Além disso, as nascentes podem ser classificadas como “sem acúmulo inicial”, que é quando o afloramento acontece em um terreno com declínio, ou “com acúmulo inicial”, em terreno plano, formando um lago.

Segundo a CPT, a principal importância em salvar nascentes está no fato de que preservar esse bem natural e proteger a biodiversidade é fundamental para a construção de relações humanas com mais equilíbrio com o meio ambiente. A Comissão ressalta ainda que salvar as nascentes que hoje se encontram em risco assegura uma boa qualidade das águas, fortalece a produção de alimentos saudáveis e garante a vida dos rios, indispensáveis para a manutenção da vida não só no campo, mas também nas cidades. 

Assim, a Comissão, em seu site, explica ainda que, para recuperar uma nascente é preciso o envolvimento de toda a comunidade daquele local e, apesar de ser um projeto que pode ser desenvolvido de forma autônoma, por regional, o estado de Goiás dispõe do seguinte processo:

1 – Apresentação metodológica e sensibilização

É a etapa para apresentação e aprovação pelo grupo da proposta metodológica de trabalho para o cumprimento das atividades e consequentemente da ação. Firmando também acordos coletivos para o bom andamento dos trabalhos, como horários e dias semanais das atividades, parcerias e outros.

2 – Visita técnica

Fase de diagnóstico da situação de nascentes que precisam de proteção e cuidados.

3 – Formação técnica

Promoção de encontros, a partir do método da Educação Popular, sobre: como identificar e respeitar a declividade do terreno; construção do nível de mangueira e nível A; demarcação de curva em nível; levantamento das plantas nativas da região e endêmicas das nascentes.

4 – Mutirão de cercamento e revegetação da nascente

São medidas de medição das Áreas de Preservação Permanentes (APP) das nascentes; construção da cerca para proteção das mesmas; limpeza do local onde se encontra o olho d’água; ações de abertura, desobstrução e calçamento onde for necessário ou pequenas barragens protegidas, barreiras em nível naturais e artificiais para melhorar a infiltração das águas das chuvas.

Veja as etapas ilustradas no infográfico abaixo, disponibilizado pelo site Benfeitoria: