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Faço ou não faço um Mestrado? Tudo que você deve saber antes de decidir.

Antes de você decidir: Este não é um texto para assustar. É um texto que apresenta o dia-a-dia do mundo da pós-graduação, como as coisas funcionam ou deveriam funcionar, o que se espera de quem quer fazer uma pós e outras coisas.

 

Antes de decidir:

Leia-o, reflita, fale com a família e com amigos. É sempre bom entender melhor onde se está entrando e qual o tamanho do desafio que nos aguarda. Nossas expectativas sobre alguma coisa nem sempre estão corretas. Então, invista um tempinho lendo ao invés de imaginar ‘como seria se fosse’.

O que é o Mestrado?

O papel do Mestrado é transformar você num Mestre. O Mestre não é necessariamente alguém que vai dar aulas. Mestre significa alguém que está preparado para resolver, por si mesmo ou em equipe, problemas não triviais. Ser Mestre significa, a partir da necessidade de resolver um problema, descobrir os objetivos a serem atingidos, os passos a serem dados, planejar como atingi-los, e publicar seu trabalho para que possa sofrer a crítica de seus pares e outros especialistas. Resumindo, um Mestre é alguém capaz de levar a cabo um processo de investigação e conclusão de maneira apropriada (científica, ética, metodológica e honesta).

Um Mestrado não transforma ninguém num especialista (aliás, nem as especializações). Um especialista ou expert consegue este status (porque é só isso que é) através de sua dedicação e trabalho. Diz-se, nos Estados Unidos, que alguém é especialista num assunto após 10.000 horas de dedicação ao mesmo (aproximadamente o tempo de um doutorado). ‘Especialista’ remete o entendimento para ‘autoridade’. Não existem ‘autoridades’ em ciências, como dizia C. Sagan. A palavra de nenhuma pessoa está acima do exame minucioso de outrem. A finalidade de um Mestrado é formar um pesquisador, alguém capaz de descobrir o que precisa. Acontece, felizmente, de ser isso também uma das principais habilidades desejáveis em um professor. Se, além disso, seu trabalho de Mestrado o transformar num especialista em alguma área, melhor ainda.

Seu trabalho de Mestrado deverá comprovar que você (e não outrem) é capaz de implementar (levar a cabo do início ao fim) um trabalho não trivial de forma independente (auxílios considerados não fundamentais para sua formação podem existir, mas é seu dever fazer a pesquisa, concluir, escrever, achar os meios e informações necessárias para resolver seu problema, além de outras coisas). Entenda isto também: o Mestrado é o processo de sua formação. Não é um processo puramente informativo, é formativo. Então, coisas como ética, integridade, perseverança, resiliência, caráter, responsabilidade, atitude construtiva e trabalho duro fazem parte do negócio. Uma das coisas esperadas, por exemplo, é que você seja capaz de lidar adequadamente com pressão e adversidade.

 

Qual o nível de dificuldade do trabalho de Mestrado?

O trabalho deve ter os elementos necessários para que ao final uma banca possa comprovar, testar e avaliar sua capacidade de ser ‘mestre’. É sempre bom lembrar que o Mestrado não habilita ninguém a atuar numa determinada área. O que faz isso é o processo de graduação. Um graduado em Física não poderá assinar uma obra de engenharia só porque fez o Mestrado ou doutorado em Engenharia, um graduado em Enfermagem não poderá emitir um parecer técnico sobre algum equipamento só porque se pós-graduou em Engenharia Biomédica. Se alguém procura habilitação para trabalhar profissionalmente em outra área, deve procurar uma graduação e não uma pós-graduação.

 

 

O Papel do Orientando (O que se espera de um aluno de pós-graduação?)

É quase incrível, mas os alunos médios de hoje não sabem o que se espera deles. O que devem desempenhar e como. Há até mesmo uma confusão sobre o que é lícito e o que não é. Existe uma diferenciação prática conhecida entre profissionais da educação: o estudante é o aluno que estuda. Aqui vão, então, algumas dicas de como deve ser um estudante de pós-graduação:

É você que deve promover sua modificação. O trabalho e o esforço são seus. O Orientador só delineia o caminho, alerta quando alguma coisa está ‘fora dos trilhos’, orienta tecnicamente e até pode ajudar, mas o trabalho deve ser seu! Ele pode indicar alguma literatura ou artigos, mas você deve demonstrar capacidade de garimpar informações para o seu trabalho, de juntá-las de modo coerente e de concluir com competência. Seu orientador o ajudará neste caminho, mas é você que tem que trilhá-lo.

Ética: É você que está fazendo o Mestrado e, portanto, é você que deve fazer todos os trabalhos. Pedir ou pagar para outrem fazê-lo é crime intelectual, sujeito às sanções apropriadas.

Faça e siga cronogramas. Sempre haverá erro em estimativas de tempo e ele pode e deve ser renegociado com seu orientador. O cronograma não deve ser usado como mecanismo de pressão ou opressão, mas sim de planejamento e organização. Lembre-se que seu trabalho deve ser calibrado para que possa ser executado em no máximo dois anos (ou 4 para o doutorado).

O orientador não sabe tudo, nem você. Conversem aberta e francamente sobre as dificuldades.

Sempre deixe seu orientador informado sobre a evolução do processo ou sobre quaisquer problemas que possam interferir. É comum a interferência de problemas particulares no processo. Avise sempre seu orientador (pode ser por email ou qualquer forma combinada previamente) para que ele não pense que você está desistindo ou fazendo “corpo mole”.

Para qualquer conversa ou discussão, prepare-se! Faça seu “trabalho de casa” antes das discussões. Você deve se preparar revendo primeiro as partes básicas de seu trabalho, depois conhecendo as peculiaridades do assunto e se aprofundando nos detalhes significativos para o seu caso. É muito ruim quando o orientador percebe que você deixou de se apropriar de algo básico, ou que já deveria estar sabendo de alguma coisa que não sabe. Nas primeiras conversas, isso é comum. Portanto, procure ler artigos, livros e outras referências, procure trazer algumas alternativas de solução, procure sempre uma postura crítica sobre os trabalhos. Nunca leia somente um ponto de vista sobre um assunto. Só porque está escrito num livro ou publicado numa revista não significa que está correto ou completo.

Nunca desista! A resiliência e a persistência são qualidades muito apreciadas em pesquisadores. Se você não mostrá- las, é porque não ainda não está pronto para se tornar um Mestre.

Você não pode esperar que seu orientador faça seu trabalho, esse é seu dever! Quando ele fez o Mestrado ou doutorado, foi ‘ele’ quem fez o trabalho todo.

Revise sua ortografia e sua gramática (recomendo o livro do Napoleão de Almeida para gramática e sites de dúvidas no português para outras dúvidas). É muito desagradável ter sua leitura atrapalhada por erros (principalmente gramaticais e ortográficos) de português. Erros na escrita depreciam o autor. Pior, dão a impressão de que também a obra é sem valor!

A literatura científica deve ser CLARA, UNÍVOCA e OBJETIVA. Qualquer coisa que retire a atenção do foco do trabalho (como erros de português; orações obscuras, falta de contexto, falta de relevância; orações empoladas, etc) deve ser evitada.

 

Se você quiser saber mais acesse o texto completo aqui

 

 

Texto preparado por Bertoldo Schneider Jr. e baseado na experiência de vários professores e programas de pós-graduação da UTPR.

Fonte: Site Oficial da UTPR

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