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Veja entrevista com o professor João Carrascoza

O publicitário Carrascoza estará em Goiânia no dia 27 de maio, a convite da Facomb, para divulgar seu livro Do Caos à Criação Publicitária. Em entrevista exclusiva, ele fala da importância da criatividade no processo de escrita.

 

Entrevista- João Luís Anzanello Carrascoza

 

“ESCREVER É ORGANIZAR UM MUNDO”

 

O professor João Luís Anzanello Carrascoza se formou em Publicidade e Propaganda pela Universidade de São Paulo em 1983, e tem mestrado e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo, onde é professor titular, ministrando a disciplina Redação Publicitária. É também docente do Programa de Mestrado em Comunicação e Práticas de Consumo da Escola Superior de Propaganda e Marketing, responsável pela disciplina História das Estratégias Publicitárias. Comunicação é a sua área de investigação, com ênfase nos processos retóricos e análise do discurso da publicidade. Escritor premiado com alguns dos mais importantes reconhecimentos literários do mundo, como os prêmios Guimarães Rosa, da Radio France Internationale, ele vem publicando coletâneas de contos e romances, além de obras para crianças e jovens. Carrascoza estará em Goiânia no dia 27 de maio, a convite da Facomb, para divulgar seu livro “Do Caos à Criação Publicitária”. Nesta entrevista ele fala basicamente da importância da criatividade no processo de escrita.

 

A criatividade é algo com que se nasce, ou algo que é possível desenvolver?

CARRASCOZA - Todo ser humano é uma usina criativa, mas dificilmente ela está funcionando em plena capacidade. É comum que esteja produzindo menos do que pode. Por isso é essencial exercitá-la ao máximo, explorando as suas potencialidades, aprimorando-a, e, claro, sempre se valendo de matéria-prima rica e diversa.

O título do seu último livro sobre criação publicitária faz referência ao caos. É preciso desordenar alguma coisa primeiro, para depois criar algo novo?

CARRASCOZA - A criação emerge do caos, já diziam os mestres orientais. Criar é uma maneira de dar ordem ao que está confuso, formatar o que está disforme, atar elementos soltos, emoldurar o que está perdido e assim compor um quadro. Pablo Neruda dizia que escrever é fácil: começa com uma letra e termina num ponto final. No meio, obviamente, há milhares de possibilidades flutuando, milhares de palavras afluindo no oceano, um imenso caldeirão de textos à espera de serem ordenados. Criar, nesse caso escrever, é organizar um mundo.  

Qual a importância da criatividade na comunicação?

CARRASCOZA - A mesma importância que ela tem para qualquer outra atividade. A comunicação não detém a patente da criatividade, é apenas uma área na qual a força das soluções criativas aparece mais, talvez porque a própria comunicação sendo o que é – o ato de se tornar algo comum aos outros –, amplifique a sua importância e a torne mais visível.  

 

As escolas de comunicação estão conseguindo desenvolver a criatividade dos alunos?

CARRASCOZA - São dezenas de escolas de comunicação no país, de forma que não posso opinar pois não conheço a metodologia de todas. Na Escola de Comunicação e Artes da USP e na Escola Superior de Propaganda e Marketing, onde atuo, trabalhamos de forma humanista, visando especialmente desenvolver esse potencial criativo dos alunos.

Ter conhecimento, a cultura geral mesmo, é algo importante para a criatividade na comunicação?

CARRASCOZA - Como disse, todos temos em nós uma usina de criatividade. Obviamente, se a cultura de um indivíduo, uma das mais expressivas matérias-primas que dispõe para criar, não é de qualidade, o resultado, ou seja as possibilidades que ele pode alcançar, é mais previsível e pobre.     

Em comunicação, pouco se cria, ou muito se copia?

CARRASCOZA - Sim, pouco se cria e também muito se copia. Mas o pouco que se cria, quando é mesmo inusitado, autêntico e surpreendente, compensa as cópias, as imitações, os pastiches.

Há hoje uma explosão de cursos de pós-graduação em Comunicação. A comunicação é algo para ser pensado, ou algo para ser mais praticado nas redações e agências?

CARRASCOZA - A comunicação é um campo de conhecimento novo e, evidentemente, não prescinde da teoria, tampouco deve se voltar unicamente à prática mecanicista. Como fenômeno social, à sua práxis cotidiana sempre subjaz uma teoria. O fato de ser estudada cada vez mais revela a sua premência no mundo contemporâneo.

Fonte: Webjornalimo - Facomb (Mirelle Irene)