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Jurados da Mostra Competitiva falam a respeito de filmes universitários

O trabalho árduo do jurado exige além do conhecimento técnico, um olhar aguçado. Depois de várias horas sentados em uma sala de cinema, dois deles comentam a respeito da produção feita dentro da universidade e do tema central do Perro Loco.

Depois de dois dias de exibição da mostra competitiva do Perro Loco, já foram exibidos mais de 30 filmes de cinco países diferentes. As muitas horas dentro da sala de cinema se tornam um exercício desafiador para aqueles que desejam ver a América Latina a partir de filmes diversos de todos os estilos e gostos. Dentro desta maratona cinematográfica que é o Perro Loco, Márcia Lopes Deretti, Cláudio Assis, Guilherme Sarmiento, Hans Bremer e Carlos Cipriano compõem o juri oficial desta edição, e possuem a árdua tarefa de julgar os filmes.

Para o jurado Hans Bremer, o festival é muito importante para que o Brasil esteja integrado ao resto da América Latina. Ele ressalta que muitas vezes a diferença das línguas é vista como uma barreira, e que a partir do cinema tem-se a grande possibilidade de unir os países para discutir o que se passa em nosso meio. Bremer ressalta que o fato do festival ser focado em produções universitárias acaba revelando novas motivações cinematográficas e maneiras distindas de se documentar as múltiplas realidades latinas.

Quanto questionado a respeito da qualidade das  produções univeristárias, Hans Bremer disse que o festival atesta que o baixo orçamento, que muitas vezes é o grande vilão das produções, não é um impedimento para que se produza bons filmes. De acordo com ele, o barateamento do preço dos equipamentos permite que o cinema seja de boa qualidade. Dentro deste contexto de produção barata, ele ressalta a importância da tecnologia em mini-DV, que diminui os custos e permite a produção até mesmo em nível profissional.

O jurado ressaltou que de uma maneira geral, o nível da fotografia dos filmes exibidos é bom. Mas de acordo com ele, cerca de 25% das produções já vistas poderiam ter trabalhado mais para na produção para que a fotografia ficasse melhor. De acordo com ele, este não é um problema técnico, mas sim uma dificuldade do trabalho em equipe. Bremer disse existir dois elementos que não podem faltar em um filme: um bom roteiro, e uma boa produção. Entre  esses elementos, ele ressaltou a importância das revisões de roteiro para que se possa trabalhar bem as idéias abordadas, e a importância das etapas de pré-produção, que segundo ele acabam sendo deixadas de lado devido à pressa em se filmar.

O jurado Carlos Cipriano também disse que uma boa idéia é fundamental para se produzir um bom filme. De acordo com Cipriano, o Perro Loco é uma das melhores idéias em termos de festival surgidas em Goiânia. Ele ressaltou a importância das idéias propostas pelo Colóquio de Festivais que reúne representantes de vários festivais universitários. Para ele o grande desafio do Perro Loco é, ao passar do tempo, ser mais latino do que brasileiro, integrando cada vez mais a região, e a cada ano atingir mais realizadores.

A respeito das produções goianas, Cipriano disse que apesar de não ter tradição em cinema, as produções do estado têm melhorado em alguns aspectos técnicos e também em relação ao roteiro. Segundo o jurado, a grande dificuldade enfrentada em Goiás é estar longe dos laboratórios que lidam com cinema em questões diversas que vão desde os equipamentos até às dificuldades de acesso a produções em película.  Ele ressalta que é necessário por parte do poder público cobrir as lacunas relativas à formação e difusão da produção cinematográfica.

Assim como Bremer, Carlos Cipriano disse que em geral os filmes participantes da mostra competitiva do Perro Loco possuem boa qualidade. E a respeito  da árdua tarefa dos jurados para escolher os vencedores que serão revelados neste domingo, ele revela que a produção universitária é muito diversificada, e que vai ser difícil escolher os filmes que serão premiados.

Fonte: Péricles Carvalho / Imprensa Perro Loco 2